Nos últimos anos, temos assistido à emergência de um novo espaço público no Brasil. Uma sociedade há pouco deitada no berço relativamente esplêndido do lulismo despertou e agora se põe a explicitar todos os seus conflitos, como quem quer lavar cinco séculos de roupa suja acumulada. Mais democrático e mais tenso, esse novo espaço público é consequência de três fatores: as revoltas de junho de 2013, que deixaram como legado uma sociedade indócil; o colapso do lulismo, espécie de correlato político-institucional da nossa cordialidade cultural; e a disponibilidade das redes sociais digitais, inédita ferramenta, como a define Manuel Castells, de autocomunicação em larga escala. Articulados, esse fatores propiciaram a emergência de um novo espaço público e, nele, o ressurgimento, numa intensidade sem precedentes, das lutas identitárias. O objetivo do curso é examinar a formação desse espaço, o modo como ele se opõe à autoimagem cultural dominante do país ao longo do século XX, e alguns dos princípios fundamentais das lutas identitárias, bem como as tensões sociais produzidas por suas lutas.
Aula 1: As autoimagens culturais do Brasil, da independência à formação da “cultura popular brasileira”.
Aula 2: Crítica da perspectiva culturalista, pela universidade e, mais tarde, pela própria cultura. A desculturalização do Brasil.
Aula 3: O novo espaço público no Brasil: condições de emergência e lutas identitárias.
Aula 4: A língua como campo de luta.
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